21/12/2008

PASSEIO A BELVER - 20, 21 e 22 de Março de 2008

No cumprimento da tradição, o Grupo BTT à nossa maneira faz a Abertura oficial da Época na Semana Santa.
Assim se partiu para mais uma expedição na descoberta de novos trilhos, novas culturas e novos sabores. E desta vez o local escolhido foi a Vila de Belver, alcandorada na margem direita do Rio Tejo, ali onde se entrecruzam os limites do Ribatejo, Beira Baixa e Alto Alentejo.
Como diz a lenda lá para os lados de Belver. Que a princesa subiu à torre do castelo e disse para seu pai: mas que lindo belo ver. E daí o nome desta vila tão bonita.
Voltando ao passeio, assistiu-se a uma adesão em massa, com algumas estreias, estabelecendo-se, naquela data, um recorde de participantes, tanto de betetistas como de acompanhantes. A ausência mais notada foi a da Ana Campos, que era desde o dia 16 uma babosa mãe. Nascera a Cláudia, o mais jovem elemento do Grupo. Mas o Papá Vitor apareceu para fazer o passeio.
O entusiasmo era tanto, que alguns dos participantes se muniram de equipamentos de tecnologia de ponta(GPS) e de novas bikes; os primeiros mostraram-se pouco fiáveis pois enganaram os veículos, levando-os por maus caminhos provocando enjoos aos passageiros; quanto às bikes refere-se, a título de curiosidade, que alguns participantes se deslocaram às lojas da especialidade para adquirirem um simples pneu e, saíram montados em grandes máquinas.
A acomodação dos participantes fez-se na Casa do Covão da Abitureira, implantada junto à Estação do Caminho de Ferro e com acesso directo ao rio. Este edifício foi, em tempos, uma fábrica de alpargatas e é explorada por um simpático casal de nacionalidade italiana. Dado o número de participantes é evidente que a Casa ficou, quase exclusivamente, por nossa conta.
Quando o dia já esmorecia por detrás dos montes e com a maioria dos elementos já instalada, rumou-se ao Gavião, vila sita na margem esquerda, para aí procedermos à primeira degustação do passeio.
O restaurante escolhido e já, devidamente, reservado pela organização, foi "O Dente Leve". Parecia ser um daqueles restaurantezinhos da província que não prometia nada de especial mas, oh meus amigos vou-vos contar: a comidinha, retintamente alentejana, estava óptima, o vinho não se ficou atrás e o ambiente esteve a condizer. Já depois dos doces e dos cafés fomos obsequiados pelo proprietário, um alentejano dos quatro costados, com um digestivo de beber e chorar por mais.
Bem comidos, bem bebidos, bem conversados e porque o dia seguinte se adivinhava duro, entendeu-se ser melhor iniciarmos o regresso a Belver e entregarmo-nos nos braços de Morfeu. O que não foi geral, pois um pequeno grupo resolveu fazer uma aproximação nocturna à vila e não resistindo aos belos trinados de um castrato, que actuava num dos bares, ainda se deleitou com umas quantas minis.
A sexta-feira acordou com algumas névoas que pairavam sobre o rio, mas depressa as mesmas se dissiparam e o Sol brilhou, prometendo uma temperatura boa para o esforço a que iríamos estar sujeitos. E assim, após um lauto desjejum e já com os elementos do grupo que chegaram logo de manhã, se iniciou a aventura.
A fila longa de participantes matizava a margem esquerda do Rio Tejo, num belo percurso feito por um passadiço de madeira, que nos oferecia uma paisagem estonteante de água, verde e de toda a encosta sul de Belver. Por aí alcançou-se a Praia Fluvial do Alamal, onde nos foi possível fazer o primeiro reforço com um reconfortante café; teria sido difícil, sem aquela cafeína, termos ultrapassado o obstáculo seguinte: uma íngreme, serpenteante e longa subida numa montanha que fez lembrar os Alpes. Esfalfados mas triunfantes alcançámos o topo e a partir daí, já em compacto pelotão, rolámos por vales e montes, com pequenas paragens para reposição das energias.
As horas e os quilómetros foram-se acumulando e era tempo de aprazar um reforço alimentar digno desse nome. Contactada a maravilhosa equipa de Staff, foi acordado o jardim do Gavião. Como a fominha apertava assistiu-se a um pedalar mais vigoroso rumo ao local; aí as expectativas não foram goradas – os pitéus estavam deliciosos, as minis fresquinhas e os tintos também não destoaram. Mais uma cabal demonstração de eficácia da nossa equipa de apoio.
Repostas as energias e com os corpinho já mais folgados, encetou-se o regresso a Belver mas sem antes se passar pelo Dente Leve, para um café e mais daquele digestivo exclusivo.
Através de mais alguns montes e alguns vales se completou o percurso. Quem ainda se sentia com forças aproveitou para subir ao altaneiro Castelo e dai desfrutar da magnífica paisagem. Os outros dirigiram-se à Casa onde iniciaram o desbaste de minis e acepipes, que nunca faltam nestas (e noutras) ocasiões.
Importava agora preparar a etapa seguinte, que também se previa dura, e para isso todos se foram reconfortar com um merecido banho quente. Já tudo reunido e com óptimo aspecto – essa é uma das características do grupo, modéstia à parte – rumou-se à povoação de Ortiga.
Aí o objectivo era o restaurante “O Kabras”, especialista em peixe do rio; não nos fizemos rogados e as fataças e as iroses, vulgo enguias, foram as grandes vítimas. Claro que os amantes dos vinhos também não deixaram os seus créditos por bocas alheias. Como é nosso apanágio, para além de se comer e beber bem, também se confraternizou imenso. A noite avançava e como alguns elementos tinham de regressar a casa, fizeram-se as despedidas. Os que ficavam mais uma noite aproveitaram para uma visita nocturna à Barragem do Belver – aproveitamento hidroeléctrico, e onde se ensaiaram algumas brincadeiras nas jangadas; houve quem não resistisse aos balanços e tivesse rejeitado o jantar – o que sempre se lamenta dado que o comer está pela hora da morte.
Chegados à Casa ainda houve espaço disponível para alocar mais umas minis, acompanhadas dos indissociáveis tremoços e amendoins que alguém nunca esquece.
A manhã seguinte foi parca em acontecimentos – carregaram-se as bikes, fez-se o desjejum, procedeu-se às sempre dolorosas despedidas e às promessas de novas aventuras. Alguns ainda passaram por Constânçia mas a chuva não ajudava; a convite do tenente-coronel fez-se uma visita guiada à Escola Prática de Engenharia. Foi nesse dia que começou a germinar uma ideia…

18/12/2008

Mértola Vila Museu

No passado fim-de-semana prolongado de 01 de Dezembro de 2008, realizou-se mais um passeio de BTT do cada vez mais dinâmico grupo BTTANOSSAMANEIRA. Desta vez rumámos a Sul, escolhendo a Vila de Mértola como o nosso destino, onde passámos uns dias em que o convívio e a prática do BTT se fundiram numa união em que a gastronomia local serviu de fonte de energia.
Vila de Mértola, região onde se situa o Parque Natural do Vale do Guadiana, situada no Baixo Alentejo, distrito de Beja, e atravessada de norte a sul pelo rio Guadiana. Mértola é um museu ao ar livre com vários núcleos de interesso histórico.
Povoação muito antiga, Mértola foi porto fluvial do tráfego mediterrânico e carrega a História consigo. Durante as ocupações romanas e árabes, o Guadiana era uma importante rota comercial e Mértola um local de destaque.
Relativamente aos monumentos históricos há a destacar a Igreja matriz de Mértola, consagrada a Santa Maria da Assunção que remonta ao Século XII. Com grande destaque visual de qualquer ponto da Vila, surge o Castelo de Mértola, a maior parte do qual data do século XIII, apesar de ter sido edificado sobre fundações mouras.
Após esta breve descrição histórica de Mértola, passamos a relatar a história da passagem do nosso grupo de BTT por esta Vila Museu. Como a gastronomia faz parte da essência deste grupo, as hostilidades iniciaram-se à mesa do Restaurante O Repuxo, no sábado à noite, onde todos os elementos do grupo puderam degustar uma deliciosa refeição, composta por pratos tradicionais desta região, acompanhados de um verdadeiro néctar Alentejano, que proporcionaram momentos de boa disposição e alegria.
Após a refeição, o grupo dirigiu-se para Residencial Beira-Rio, no centro da vila, que foi adoptada como nosso quartel-general. Sem luxos que se vejam, ainda assim, os quartos são muito acolhedores podendo-se desfrutar de uma vista fantástica para o Rio. Como já vem sem hábito nestes passeios, um grupo restrito de noctívagos, decidiu explorar os encantos nocturnos da Vila de Mértola, indo à descoberta de um bar acolhedor para poder desfrutar de uma (s) boa cervejola. O encanto foi tal, que para alguns a noite durou até às 4 da madrugada, conduta que se reprova veemente, pois em nada é compatível com a postura de desportistas.
No domingo o despertar foi bastante ensolarado, apesar de gélido, contrastando com os dias chuvosas que antecederam a este passeio. O ponto de encontro foi por volta das 8.30 h na sala do pequeno-almoço, onde o grupo se preparou para as horas de esforço que iriam seguir.
Baterias carregadas, procedeu-se à colocação das bicicletas nos carros, preparou-se a logística das malas e equipamentos, arrancando-se de seguida para a aldeia de Fernandes, onde os nossos cicerones nos aguardavam para o inicio do passeio.
É nestes momentos que sentimos um enorme apelo para cada vez mais pedalarmos por este belo Alentejo. Temos que expressar a nossa enorme gratidão pela amabilidade e hospitalidade demonstrada pelo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Mértola Sr. José Palma, que prontamente se disponibilizou para nos guiar nestas pedaladas pelos trilhos do seu Concelho, coadjuvado pelo seu primo Luís e o seu futuro genro Márcio. Gesto unicamente ao alcance de um Povo Generoso como o Povo Alentejano é.

Desmontadas as bicicletas e preparada a logística deu-se início ao périplo por terras de Mértola, sem antes as objectivas captarem a tradicional fotografia de grupo, junto ao café mais famoso da aldeia o café Sportinguista, para gáudio de muitos e angústia de outros. Montadas as bicicletas iniciou-se o passeio por estrada de alcatrão até á saída da aldeia de Fernandes, dando-se passado poucas dezenas de metros a incursão por terrenos de tão agrado do nosso grupo – a terra batida. Agora começámos a desfrutar das paisagens emblemáticas do Alentejo, com a sua diversidade cromática e seus cheiros característicos. O grupo rolava a um ritmo bastante aceitável para a altura da época, com prestações bastante homogéneas denotando uma competitividade assinalável, sendo de destacar a prestação do único elemento feminino do nosso grupo a Helena sempre com um desempenho exemplar. O trajecto desenrolou-se em estradões de macadame compacto com pouca humidade apesar dos anteriores dias chuvosos, sendo praticamente plano, intercalado por algumas subidas de grau de dificuldade baixa/média, propiciando a prática da resistência e da endurance, e permitindo rolar-se a velocidades assinaláveis.
O ponto alto do passeio, aconteceu na passagem pelas extintas Minas de São Domingos, tendo o grupo percorrido parte do trajecto da linha férrea que servia de transporte do minério das minas até ao porto fluvial do Pomarão, onde este era colocado em barcos e transportado para os seus destinos. Todo o grupo sentia – se pequeno pela grandiosidade e especificidade das paisagens que este local nos proporcionava. Paisagens lunares dignas de qualquer filme de ficção científica.
As Minas de São Domingos foram consideradas no século XIX umas dos mais importantes centros de extracção de cobre da Europa. Hoje as minas estão desactivadas, como de resto acontece desde 1967, contudo, muitas pessoas continuam a visitar esta antiga comunidade industrial. Aqui tudo foi construído e pensado em função desta actividade. Casas, estradas, e a linha de caminhos-de-ferro, atrás referida foi a primeira em Portugal. Podemos verificar que foram construídos enormes bairros mineiros onde nada faltava, nem sequer um campo de futebol, e outros edifícios de apoio.

Após mais uma breve paragem para repor energias, como tanto este grupo gosta de fazer, iniciámos o regresso para a aldeia de Fernandes, sendo que devido a adiantado da hora, e uma vez que o almoço nos esperava, decidiu-se alterar-se o percurso por uma caminho alternativo mais curto, mas que implicava rolar alguns quilómetros em piso de alcatrão.
Deve-se referir que os últimos 10 km do percurso foram de um grau de dificuldade extraordinário, pois tivemos que enfrentar rajadas de vento contra bastante forte, tornando-o bastante penoso. No entanto o almoço que de seguida ira acontecer, serviu de elemento aglutinador de forças para chegar ao nosso destino. Para registo futuro ficam os resultados deste passeio:


Distância total: 40,88 km;
Tempo: 2:50:00 h;
Velocidade média: 14,50 km/h;
Velocidade máxima: 49,50 km/h;

Após um banho retemperador na Residencial Beira-Rio, o grupo regressou de novo a Aldeia de Fernandes, e agora com todos os elementos da comitiva, para desfrutarmos do merecido almoço no Restaurante Paraíso, o qual decorreu nem espírito de boa disposição, convívio, e bastante apetite. O ponto alto do mesmo aconteceu quando o grupo decidiu presentear o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Mértola Sr. José Palma, com uma lembrança típica de Alcobaça, uma garrafa de Ginjinha, como agradecimento pela sua generosidade e hospitalidade. Após o almoço o resto da tarde foi passado numa visita ao porto fluvial de Pomarão, onde se fizeram apostas para descobrir em qual das margens seria Espanha .
Durante a tarde começou o regresso a casa para muitos dos participantes desta aventura, mas alguns resolveram desfrutar de mais uma noite em Mértola, com mais um jantar no restaurante o Brasileiro. Na Segunda de manhã lá deixámos Mértola, uns directos a casa outros ainda foram almoçar a Serpa ao Lebrinha e beber provavelmente a melhor imperial de Portugal (que inveja).


Pedro Costa